A pandemia e as relações dos brasileiros com a família e amigos
A pandemia de Covid-19 impactou na educação, na saúde física e mental dos indivíduos, no trabalho e na situação financeira da população. Outro aspecto importante é a transformação dos relacionamentos das pessoas com a família e amigos. Foi o que concluiu a pesquisa PoderData com 2.500 brasileiros nas 27 Unidades da Federação, divulgada em maio.
De acordo com o levantamento, 31% dos brasileiros consideram que sua relação com a família e os amigos piorou desde o início da pandemia. Por outro lado, para 41% dos entrevistados, as relações familiares e de amizade seguiram na mesma e para 26%, essas relações melhoraram.
Em termos de sexo, idade, região, escolaridade e renda, o PoderData verificou que a piora nas relações foi apontada majoritariamente por mulheres (33%); pessoas entre 16 e 24 anos de idade (35%); moradores da região Nordeste do País (45%); pessoas que têm o nível de escolaridade até o ensino médio (33%); e quem não tem renda fixa ou está desempregado (54%).
Em contrapartida, quem mais apontou melhora nesse sentido foram homens (30%); também entre 16 a 24 anos (37%); moradores da região Norte do Brasil (43%); com nível de escolaridade até o ensino fundamental (34%); além do grupo que recebe até dois salários mínimos (36%).
Todos dados podem ser encontrados no conteúdo publicado pelo PoderData.
A Revista de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) também divulgou pesquisa sobre o tema no fim do ano passado. Nesse caso, os pesquisadores analisaram a associação dos fatores sociodemográficos e emocionais com nível de tolerância nas relações de amizade durante a pandemia de Covid-19. Participaram do estudo 5.291 pessoas das cinco macrorregiões brasileiras.
Um dos principais resultados da análise da UFSM foi que 73% dos entrevistados perceberam alguma mudança nas relações de amizade durante a quarentena.
Segundo o levantamento alguns fatores sociodemográficos (faixa etária, gênero, local de residência, etnia, raça ou cor, nível de escolaridade e renda) e emocionais se associam ao nível de tolerância nas relações de amizade. A pesquisa revelou que “ser do gênero feminino, da raça branca e receber maior renda contribuíram para maiores níveis de tolerância nas relações de amizade”.
“Com o fechamento de diversos serviços, as dificuldades econômicas tornaram-se mais intensas e o isolamento modificou as relações humanas que se tornaram muito dependentes da tecnologia”, frisou o estudo da universidade gaúcha. “Frente a isso, é preciso que gestores e profissionais de saúde adotem políticas e programas que considerem os aspectos econômicos e as novas formas de se relacionar como elementos que impactam na saúde física e mental da população”, alertou a pesquisa.
O estudo pode ser consultado na íntegra na publicação feita pela UFSM.