Deepfake: o que é e como reconhecer?
A tecnologia mudou e continua a transformar drasticamente nossos hábitos, trazendo inúmeras facilidades para o dia a dia. Em termos de impacto na sociedade, a transformação digital pode ser comparada à “reinvenção da roda”. Mas, como tudo na vida, o uso da tecnologia também requer consciência e responsabilidade. Caso contrário, pode prejudicar quem é impactado por ela. Eu me refiro à produção do que o mercado convencionou chamar de “deepfake”. Você já ouviu falar?
Parente próxima das “fake news” (notícias falsas), as deepfakes também são uma forma de criar e espalhar desinformação. O agravante é que, nesse caso, usam a Inteligência Artificial (IA), para tornar tudo muito mais “real” e convincente.
Para explicar com mais clareza, deepfake é uma técnica que possibilita manipular, ou seja, alterar áudios, vídeos e fotos com o auxílio da IA, para que pareçam, de fato, autênticos. Trata-se de uma forma de distorcer a realidade. Com essa ferramenta, é possível, por exemplo, mudar o rosto ou a fala de alguém, manipular áudios e gravações, simular uma voz, etc. — e, assim, criar vídeos ou diálogos fictícios de determinada pessoa. A “cereja do bolo” é que as expressões faciais e os movimentos labiais são tão bem sincronizados que é difícil de perceber a farsa no primeiro momento.
Além da grande onda de desinformação que a deepfake pode gerar, ela pode prejudicar a reputação de alguém, muitas vezes, de forma irreversível. Até porque, em geral, mostra o rosto e a voz da pessoa em questão, “fazendo, falando e afirmando” coisas que, na verdade, jamais diria ou faria.
Mas, felizmente, existem algumas práticas que ajudam a identificar esse tipo de conteúdo. Claro que, para isso, é necessário um pouco de paciência e muita — mas, muita — atenção!
Como identificar deepfakes
Primeiro, é crucial ter em mente que quase tudo pode ser manipulado, o que inclui fotos, vídeos e áudios. Isso já nos coloca em um estado constante de alerta, reduzindo os riscos de cair em golpes desse tipo.
Com atenção redobrada, passamos a ser menos “inocentes” em relação aos conteúdos disponíveis on-line. Quando ficar em dúvida sobre a veracidade de um conteúdo, observe os detalhes:
- De sincronização — entre o que está sendo dito no vídeo e a forma como os lábios da pessoa se movem, assim como em relação aos movimentos do corpo (se precisar, assista várias vezes, em diferentes velocidades).
- Referentes à naturalidade — preste atenção no piscar de olhos; no movimento das mãos e do corpo; nas expressões faciais, na resolução de mãos, orelhas e outros aspectos físicos;
- De inconsistência na imagem — como objetos que somem durante o vídeo, um cenário estranho de fundo, a existência de sombras e reflexos na imagem, a diferença muito gritante entre tons de cores, etc.;
- Relacionados à qualidade do áudio — fique atento a ruídos estranhos e barulhos de fundo, ao tom de voz (principalmente se você conhece a voz real da pessoa), e à qualidade do áudio que está sendo reproduzido.
E, claro, sempre pesquise, cheque as informações, procure outras fontes sobre o mesmo assunto. É importante avaliar a credibilidade da fonte que originou o conteúdo. Se é algo encaminhado com frequência e você desconhece a procedência, evite acreditar de imediato. Compare os gestos e as formas de falar da pessoa naquela mídia suspeita com outras mídias existentes e retome as dicas anteriores.
Em resumo, esteja sempre vigilante em relação ao que você vê e ouve nos meios digitais. De novo, é indiscutível que a tecnologia, quando bem utilizada, faz maravilhas por todos nós. No entanto, existem pessoas mal-intencionadas em todo lugar. O ambiente digital, aliado a inovações tecnológicas como a Inteligência Artificial, pode se tornar um prato cheio para quem quer confundir, desinformar e manipular opiniões e atitudes em proveito próprio ou de causas específicas. Por isso, cuidado — evite acreditar em tudo que vê e ouve!