Novembro celebra o empreendedorismo feminino e nos convida a refletir
Estamos chegando ao fim de novembro, mês que celebra mundialmente, no dia 19, o Empreendedorismo Feminino, você sabia? A data destaca e valoriza as mulheres que estão à frente de seus próprios negócios. Ao mesmo tempo, funciona como um chamado para refletirmos sobre as dificuldades e obstáculos ainda enfrentados por elas na jornada empreendedora.
Em reportagem sobre o tema publicada no segundo semestre deste ano, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) destacou estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que indicam ainda existir falta de equidade salarial entre as alas feminina e masculina no país; além de uma representatividade minoritária de mulheres em cargos de liderança nas empresas brasileiras.
Segundo pesquisas do IBGE, as mulheres recebem o equivalente a 78% dos salários dos homens e continuam a ser minoria em cargos de liderança empresarial e política, apesar de terem maior escolaridade. Na matéria do Sebrae, aparecem outros itens que podem inibir a representatividade e a valorização da mulher nos cargos de liderança como o preconceito, a dupla jornada (emprego e atividades domésticas em casa) e a falta de confiança.
No entanto, muitas mudanças nas últimas décadas impulsionaram o crescimento do empreendedorismo feminino — durante a pandemia, por exemplo, o percentual de novos empreendedores foi maior entre as mulheres do que entre os homens. Outra reportagem do Sebrae a respeito da relevância das mulheres no empreendedorismo reportou dados da pesquisa Monitor Global de Empreendedorismo 2023 (Global Entrepreneurship Monitor-GEM) mostrando que o Brasil caminha para ter, majoritariamente, empresas comandadas por mulheres.
GEM é um projeto de pesquisa global lançado em 1999, que já envolveu mais de 100 países, com a finalidade de compreender o papel do empreendedorismo no desenvolvimento econômico e social no mundo. No Brasil, ele acontece com o apoio do Sebrae e da Associação Nacional de Estudos e Pesquisas em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe).
Segundo o relatório de 2023, dos 47,7 milhões de empreendedores com intenção de entrar no mercado até 2026 — os chamados empreendedores potenciais — 54,6% são mulheres. Os números contrastam com a pesquisa do ano anterior, em que os homens ainda dominavam com um percentual de 55%.
Outro dado relevante apresentado pelo Sebrae está no relatório técnico da entidade sobre o Empreendedorismo Feminino — 4º Trimestre de 2023. O levantamento aponta que as mulheres empreendedoras vêm conquistando cada vez mais espaço dentro do universo de donos de negócios no Brasil. Segundo os números do estudo, foram contabilizados quase 30 milhões de empreendedores no último trimestre de 2023, sendo que as mulheres representavam cerca de 10 milhões deles.
Além disso, de acordo com pesquisa da FIA Business School, as mulheres em cargo de liderança se mostram mais acessíveis e conhecidas pela equipe do que os homens no mesmo cargo. Enquanto para 79% dos subordinados, seus líderes homens são próximos, o índice atinge 84% quando a liderança é feminina. O estudo demonstra também que as mulheres pontuam mais alto nas dimensões criativas, na capacidade de construir relacionamentos autênticos e na visão do coletivo, além de serem mais propensas focar na busca por ganhos do que em evitar perdas.
No grupo empresarial que hoje presido, buscamos o equilíbrio de oportunidades por competência, independente de questões de gênero. Valorizamos a diversidade por considerar que ideias e visões de mundo distintas enriquecem as análises e as tomadas de decisão. Lideranças diferentes contribuem com o caráter estratégico pois estimulam questionamentos e uma lógica mais ampla. Temos no grupo um time admirável de mulheres em diferentes áreas, como Técnica, Administrativa, Financeira, Jurídica, Comercial, Comunicação, Marketing e Recursos Humanos, só para citar algumas.
Sou privilegiado por estar rodeado de mulheres competentes na família e no trabalho. Sou filho de uma das primeiras engenheiras civis formadas no Paraná, esposo de uma empreendedora de sucesso no ramo da cultura e da música, pai de duas mulheres incríveis com trajetórias profissionais inspiradoras, além de sócio da cofundadora da Arlequim Technologies, Noeli Isfer. A atuação conjunta com olhares diferentes e complementares é bastante benéfica para o negócio. Tenho acompanhado nos últimos anos grandes mudanças no mercado de trabalho e desejo que a evolução continue para trazer maior equidade de gênero, equilíbrio e harmonia ao ambiente profissional. Pois lado a lado, homens e mulheres, produzem mais e melhor!
Haroldo Jacobovicz